Aconteceu na ultima sexta-feira (15/5) na chácara Assunção em Ribeirão Grande a apresentação do projeto "Viva Fandango" da Associação Cultural Caipira Cuitelo, projeto este que vem sendo construído a cerca de dois anos e meio pelo Grupo de Fandango de Tamanco Cuitelo, com o objetivo de resgatar e perpetuar a cultura caipira de nossa região e tem em suas ações alem da conquista de novos jovens para compor o grupo, a construção de uma Casa da Cultura Caipira (centro de eventos) nos moldes antigos (taipa) para abrigar eventos de resgate cultural. Após a apresentação do projeto feita pelo jovem Diogo Araujo foi servido aos convidados um delicioso jantar caipira (arroz com frango no fogo de lenha) alem de apresentações do Grupo de Fandango de Tamanco Cuitelo e de músicas raízes. Estiveram presentes varias autoridades, entre elas o Secretário de Juventude, Esporte, Lazer e Cultura de Capão Bonito - João Bosco de Sá, o Vice-Prefeito de Ribeirão Grande – Raul Ezequiel Costa, a responsável pela área de cultura de Ribeirão Grande – Renata Vieira, vereadores de Ribeirão Grande e também o Deputado Estadual e líder do PSDB na Assembléia Legislativa - Samuel Moreira acompanhado do subprefeito de Aricanduva (São Paulo) Roberto Tamura.O grupo agradece ao Sr. Luiz Assunção que gentilmente cedeu o espaço, a Prefeitura de Ribeirão Grande e a todos que de uma forma ou outra contribuiu para a realização deste evento.
Fandango, no Interior Sul e Litoral Sul, continua a designar os bailes de sítio, as folganças com que se animam ocasiões especiais como casamentos e aniversários (antigamente também o final de multirão ou puchirão como era chamado), uma verdadeira "suíte" de danças, em que os sapateados e palmeados se alternam com os valsados ou bailados e os enfiadinhos (por registrarem figurados grupais), bem como danças de sapateado forte (fandango de tamancos e fandango de chilenas). Basta começar um arrodeado com seus rufados (sapateios) e palmeados que não faltam dançadores, na roda. Fandangueiros ou folgadores, como dizem.
Fandango de Tamancos
Versão masculina do fandango, sem os bailados, entremeando os fortes sapateados e palmeados com os queromanas, as modas que relatam aspectos da vida rural, com possibilidades para improvisos. O acompanhamento se dá com pé de bode (sanfona de oito baixos) e/ou violas. (www.brazilsites.com.br/folclore)
O município de Capão Bonito foi formado inicialmente por bandeirantes que passavam pela região explorando o ouro por volta de 1.720. Devido a sua localização geográfica (rota sul-sudeste), fez parte também da rota (tropeira) sendo fortemente influenciado por essas culturas e por outras que vieram para o município.
Estima-se hoje uma população de aproximadamente 47.000 habitantes, sendo que cerca de 36.400 moram na zona urbana e 10.430 moram na zona rural. Apesar de ter mais de dois terços da população morando na cidade, o município tem uma historia e tradição rural muito forte.
Até a década de 50 o município era considerado eminentemente rural passando a haver êxodo, que continua até os dias de hoje. Essa modificação decorreu da implantação da agroindústria, da pecuária extensiva e na mão de poucos proprietários.
Devido a esse processo de migração, os moradores da zona rural enfrentam a dificuldade de se manterem no local de origem, por não ter assistência técnica adequada para o trabalho com pequenas propriedades e pela baixa remuneração que conseguem com a venda dos seus produtos. Toda esta situação econômica e social acaba levando a um sentimento de desvalorização mais amplo da vida do campo e de tudo que está ligado a ela, trazendo prejuízos para a identidade pessoal e coletiva, e para a preservação das tradições, costumes e festas locais.
Essa situação acaba gerando uma desvalorização das culturas tradicionais antigas, aliado a um desejo de buscar uma vida melhor na cidade, os jovens, mesmo morando na zona rural, são influenciadas pelas novas manifestações culturais, de outras regiões ou paises, podendo isso, levar a extinção das culturas antigas locais.
Havia muitos grupos de Fandango de Tamanco em Capão Bonito e Ribeirão Grande, hoje existem apenas três que estão agonizando para sobreviver, por falta de participação de jovens que valorizem e continue esse legado.
Estas razões levaram o grupo de Fandango de Tamanco Cuitelo que sofre no seu dia, a dia a desvalorização e o preconceito com a dança a construir o Projeto "Viva Fandango".
O grupo resolveu realizar este projeto, pois não há nenhum documento ou histórico da dança de fandango de tamanco nas secretarias de cultura de Capão Bonito e Ribeirão Grande, ficando assim crianças e jovens sem conhecimento especifico desta dança.
Por essas rações o grupo decidiu reivindicar o direito em si próprio, de manter sua identidade cultural, tomando em suas mãos o destino, passando de mero participante desse processo de transformação do mundo para protagonista de sua historia, organizando-se e buscando transformações físicas e comportamentais em seus membros e nos bairros.
Pretende-se construir um espaço cultural com uma casa de pau a pique que será o centro de referencia da cultura caipira, onde o grupo realizará festas tradicionais, ensaios, festas com os jovens dos bairros envolvidos com outros movimentos culturais antigos e modernos, fortalecendo e desenvolvendo a relação entre as pessoas a cultura e local onde vivem, também terá artesanato produzido pelo bairro, histórico das danças, comidas típicas, depoimentos pessoas falando sobre a cultura caipira local, terá também um monjolo (engenho movido a água usado antigamente para moer milho e descascar café), pretende-se também estar atuando na escola do bairro para incentivar a valorização ao fandango.
O grupo é formado por moradores dos bairros Ferreira dos Matos e Sitio Velho, zona rural de Ribeirão Grande e Capão Bonito e tem o propósito de favorecer o resgate e possibilitar aos jovens a as crianças do bairro a valorização da arte e da cultura, principalmente do fandango de tamanco.
Esse Trabalho nasceu das buscas, anseios e necessidade de valorização da cultura por parte de varias pessoas, mais o principal precursor do projeto foi o jovem Diogo, que recém saído do programa Geração, onde passou por um profundo processo de desenvolvimento pessoal e social culminando com um projeto voltado ao resgate e valorização da cultura dos bairros da zona rural de Capão Bonito, no qual descobriu que seus avós, dentre muitas outras coisas dançavam fandango de tamanco, e que essa manifestação popular fazia parte da sua identidade cultural familiar, passando então a investir tempo e dedicação na busca de conhecer mais a fundo esse grupo de dança.
Em pouco tempo Diogo já estava fazendo parte do grupo, e percebeu a necessidade de se realizar um trabalho de empoderamento e valorização da cultura, conversando com os membros do grupo fez a proposta de trazer mais pessoas para ajudar no processo, conquistando então a parceria dos educadores do Programa Geração, Adauto e Juliano como facilitadores, todos então iniciaram o trabalho em oito de novembro de 2006.
Utilizando a metodologia participativa problematizadora foi iniciado o processo de empoderamento, através do qual o grupo já mapeou e executou varias ações dentre elas a criação da Associação Cultural Caipira Cuitelo.
